quinta-feira, 7 de julho de 2011

"Marcada" (P. C. Cast e Kristin Cast)

Oi, povo! Continuo com as postagens sobre os vamps (apenas as sagas realmente legais e inteligentes, prometo!). Agora vou falar de uma série que gosto muito, e a cada livro melhora ainda mais. House of Night, claro! Desta vez vou começar pelo primeiro, Marcada. Espero que gostem também.



Nesta obra surpreendente entrelaçam-se a cultura espiritual ancestral da Humanidade e a vida cultural contemporânea. Ambas estão personificadas em uma típica adolescente norte-americana, Zoey Redbird. Desajustada no ambiente familiar, no qual ela convive com a mãe e o odiado padrasto, fiel representante da seita religiosa conhecida como Povo de Fé, além dos irmãos com quem não se identifica, ela só se sente realmente em casa na escola, ao lado dos amigos. Ou ao menos é o que ela acredita.

Os atores e atrizes mais bem-sucedidos do mundo eram vampiros. Os vampiros dominavam as artes, uma das razões pelas quais tinham tanto dinheiro – e também um motivo para que o Povo de Fé os considerassem egoístas e imorais. O Povo de Fé assistia seus filmes, suas peças, concertos, comprava seus livros e sua arte, mas ao mesmo tempo falava mal deles e os menosprezavam, e Deus era testemunha que jamais se misturariam a eles. Hello – alguém falou em hipocrisia?

Subitamente Zoey se vê marcada como vampira, e sente neste momento que não pertence mais a tribo alguma, o que parece ser essencial não só para ela, mas para todos os seus companheiros. As autoras imprimem a esta marca um teor simbólico, através do qual elas discutem o impacto do estigma durante a adolescência, o temor da discriminação e de permanecer à margem dos grupos sociais.
Na época em que se passa esta trama, indefinida, porém claramente situada no cenário da cultura moderna, a existência dos vampiros é cientificamente comprovada. Diversas pesquisas científicas constatam inclusive que no metabolismo hormonal do adolescente pode ocorrer uma séria eclosão em uma suposta vertente prejudicada do DNA, dando origem assim ao que se conhece como a Transformação.
Justo quando eu achava que meu dia não tinha como piorar, vi o cara parado perto do meu armário. Kayla estava falando sem parar as baboseiras de sempre e nem reparou nele. De início, agora que parei para pensar de verdade, ninguém havia reparado nele antes que começasse a falar, o que reforça tragicamente minha esdrúxula incapacidade de me encaixar no grupo.
– Não, Zoey, juro por Deus que Heath não ficou tão bêbado depois do jogo. Você não devia ser tão dura com ele.
– É – disse eu distraidamente. – Claro – então tossi. Outra vez me senti um lixo. Eu devia estar sofrendo daquilo que o senhor Wise, meu “mais insano que o normal” professor de biologia do curso preparatório, chamava de Praga Adolescente.
Os jovens que sofrem este processo são rastreados por determinados vampiros e marcados com a tatuagem de uma lua crescente azul-safira na testa. A partir daí os novatos começam a passar por uma mutação interior e são obrigados a se mudar para a Morada da Noite, uma escola que prepara os futuros vampiros. Nem todos, porém, sobreviverão a esta Transformação, pois alguns organismos rejeitam estas mudanças.


Zoey Redbird
 É neste contexto que Zoey, descendente dos nativos cherokees pela linhagem de sua avó materna, Sylvia Redbird, sua mentora espiritual, que a inicia nos segredos e conhecimentos milenares de seu povo, inicia sua nova jornada existencial, confusa e desorientada, prestes a penetrar os mistérios da deusa grega Nyx, representante da Noite.

Era como olhar para o rosto de um estranho familiar. Sabe aquela pessoa que você vê no meio da multidão e jura que conhece, mas não conhece? Agora esta pessoa era eu: a estranha conhecida.

Ela tinha os meus olhos, que ostentavam o mesmo tom de avelã que parecia indeciso entre o verde ou o castanho. Mas meus olhos nunca foram tão grandes e redondos. Ou foram? Ela tinha os meus cabelos – longos e lisos e quase tão escuros quanto os de minha avó antes de começarem a ficar grisalhos. A estranha tinha as minhas pronunciadas maçãs do rosto, nariz longo e lábios fartos – mais traços de vovó e seus antepassados Cherokee. Mas meu rosto jamais fora tão pálido… talvez apenas parecesse pálido em comparação com o desenho azul-escuro de uma lua crescente perfeitamente posicionada no meio de minha testa. Ou quem sabe fosse aquela horrenda luz fluorescente. Torci para que fosse a luz.

Olhei fixo para a exótica tatuagem. Misturada às minhas feições Cherokee, parecia uma marca de bestialidade… como se eu pertencesse a tempos ancestrais, quando o mundo era maior… mais bárbaro.
Depois deste dia minha vida nunca mais seria a mesma. E por um momento – só por um instante – me esqueci do horror de ser excluída e senti um chocante estouro de prazer, enquanto internamente regozijava o sangue do povo de minha avó.

Incumbida de uma missão especial, que ela mesma ignora, justamente por simbolizar uma ponte entre dois mundos distintos, a cultura de seus ancestrais e a dos seus contemporâneos, Zoey começa sua Transformação sob a tutela da sacerdotisa Neferet. Mais uma vez, porém, ela sente o peso de ser diferente, pois a deusa Nyx a tatua com uma marca diferente, sinal dos dons extraordinários que ela lhe concede.
As coisas seriam diferentes se uma novata mais poderosa tomasse o lugar de Aphrodite como líder das Filhas das Trevas.
Eu dei um pulo, sentindo-me culpada, mas disfarcei tomando um grande gole de refrigerante. O que eu estava pensando? Eu não tinha sede de poder. Eu não queria ser Grande Sacerdotisa e nem me meter em uma batalha pé no saco com Aphrodite e metade da escola (a metade mais atraente, aliás). Eu só queria encontrar um lugar para mim nesta vida nova, um lugar que me fizesse sentir em casa – no qual eu me encaixasse e fosse como o resto das pessoas.
A leitura deste thriller impressionante leva o leitor a mergulhar em um universo muito antigo, que remonta aos celtas, povoado pela magia do feminino, pelo poder do matriarcado, pelas guerreiras amazonas, por rituais que reconciliam o Homem e a Natureza, resgatando a comunhão da humanidade com a Criação Divina. Mas este clima sagrado é o tempo todo permeado por passagens muito bem-humoradas, engraçadas e muitas vezes sensuais.
Desde a primeira página é impossível parar de ler Marcada, pois uma vez que se mergulha neste ambiente repleto de vampiros apaixonantes, ligados de uma forma ou de outra ao universo artístico e cultural, de felinos dotados de uma inteligência incomum, de uma atmosfera inebriada pela presença da Deusa, não se deseja mais emergir.

A Deusa estava tão viva naquele lugar.
Marcada é o primeiro volume da série House of Night. Até agora, segundo o The New York Times, ele já vendeu mais de 3 milhões de exemplares. O segundo tomo, Traída, já foi publicado no Brasil pela Editora Novo Século. P. C. Cast é uma aclamada escritora, especializada na criação de livros paranormais e fantásticos, é também educadora e oradora. Sua filha, Kristin Cast, é jornalista e poeta premiada. Ambas residem em Oklahoma-EUA.
As autoras criaram nesta obra uma visão completamente original da estirpe dos vampiros, associando-os a uma cultura espiritual mítica, ao mesmo tempo em que os situa, nos tempos modernos, em uma elite cultural e artística. Com certeza estas figuras entrarão com honra e destaque para o rol da história destas criaturas ancestrais.

Editora: Novo Século

Autor: P C Cast e Kristin Cast
ISBN: 9788576792291
Origem: Nacional

Ano: 2009

Edição: 1

Número de páginas: 328

Acabamento: Brochura

Formato: Médio
Volume: 1

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